Afinal, existe beleza universal?
Fonte: Carol Patrocínio, especial do Yahoo! Brasil | Redação Yahoo! Brasil – 06.09.2011
Se você procurar no dicionário qual é o significado de beleza, vai encontrar: “harmonia de proporções, perfeição de formas”. Mas essa interpretação do belo é muito subjetiva. E fica ainda mais complicado chegar a uma definição quando se trata de concursos de beleza como o Miss Universo, que aconteceu em São Paulo na segunda-feira (12). Afinal, como escolher a mulher mais bonita do mundo entre tantas mulheres lindas?
“Existe uma coisa chamada carisma, que nem todo mundo tem”, diz Boanerges Gaeta Júnior, diretor do Miss Brasil. Não adianta ser linda e ser “apagada” e “sem sal”. “Uma moça nem tão bonita, se tem atitude, luz, vida, aparece mais que as outras. O diferencial é esse”, diz Gaeta Jr. Para o diretor, para vencer um concurso como o Miss Universo uma mulher não pode ser gorda, mas também não pode ser esquálida, e tem que ter personalidade, presença.
Mas a beleza vai além das proporções e do ‘algo mais’. A antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mirian Goldenberg, aponta que a cultura influencia na concepção dos padrões de beleza.
“A cultura brasileira veste o corpo dos nativos de determinada maneira, valorizando a exposição deste corpo, que deve ser jovem, magro e trabalhado”, diz Mirian. A antropóloga criou o conceito de que, no Brasil, o corpo é um verdadeiro capital. “O corpo é uma riqueza no mercado de trabalho, no mercado de casamento e no mercado sexual. É um veículo de pertencimento e também de distinção, de inclusão e de exclusão social”, afirma.
Mirian destaca duas figuras que povoam o imaginário do brasileiro nessa questão: “Na minha pesquisa são apontados dois modelos de mulher bonita. Um mais miscigenado como Juliana Paes, e outro mais europeizado, como Gisele Bündchen”.
A modelo de apresentadora do canal Glitz, Barbara Thomaz, acredita que, no Brasil, os padrões de beleza são muito diversos: “Tem as gostosas, as saradas, as gordelícias, as magrelas, as bombadas. É o país da Gisele, mas também da Mulher Melancia!”, diz. “Se for para resumir, mulher bonita no brasil tem que ter bunda boa e cabelo bem longo. Simetria também cai bem”, afirma Barbara.
Somando todos esses conceitos está a pesquisa "O que é beleza?" da consultoria especializada em mercado feminino Sophia Mind, que entrevistou mulheres de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Apesar de insatisfeitas com algumas características físicas (53% se acham acima do peso ideal e 29% gostariam de fazer algo diferente nos cabelos), 55% das entrevistadas acreditam que características pessoais são mais importantes que aparência e 87% delas se acham bonitas.
Além das influências culturais, cada beleza tem seu espaço no mercado de trabalho e na cabeça das pessoas. “Modelos podem ter uma cara exótica, nariz estranho, sarda, dente separado, orelha de abano, pode ser muda, estrábica... mas precisa ser magra de doer”, diz Barbara Thomaz. Já a miss é mais perfeitinha, “embora cheia de plástica”, afirma. “Modelo é a magrela esquisita, e a Miss é a princesinha simpática”, define.
Mas, apesar da diversidade de tipos de beleza encontrados no Brasil, para Mirian Goldenberg, os concursos padronizam as mulheres. Para ela, hoje não existe a valorização da mistura brasileira, do corpo miscigenado. O que determina o sucesso nesse tipo de competição é a magreza, a altura, a postura, os cabelos e o corpo dentro de um padrão mais ‘europeizado’. “Quase todas são muito parecidas”, afirma.
Muitas mulheres o acreditam que, na busca pela beleza perfeita, vale tudo, e apostam em cirurgias plásticas para alcançar esse objetivo. “A insatisfação com o corpo, com as imperfeições e o desejo de imitar quem tem sucesso faz com que a brasileira seja a segunda maior consumidora de cirurgia estética em todo mundo, logo atrás das norte-americanas”, diz Mirian.
Para Boanerges Gaeta Jr., diretor do Miss Brasil, a cirurgia plástica corrige, mas não transforma. “Ela ajuda quem tem condições de melhorar”, diz. Já Mirian Goldenberg sugere uma outra abordagem. “Aceitar as imperfeições é a chave para estar satisfeita com sua beleza”, afirma.
Fonte: Carol Patrocínio, especial do Yahoo! Brasil | Redação Yahoo! Brasil – 06.09.2011
A Miss Universo 2010, Ximena Navarrete |
“Existe uma coisa chamada carisma, que nem todo mundo tem”, diz Boanerges Gaeta Júnior, diretor do Miss Brasil. Não adianta ser linda e ser “apagada” e “sem sal”. “Uma moça nem tão bonita, se tem atitude, luz, vida, aparece mais que as outras. O diferencial é esse”, diz Gaeta Jr. Para o diretor, para vencer um concurso como o Miss Universo uma mulher não pode ser gorda, mas também não pode ser esquálida, e tem que ter personalidade, presença.
Mas a beleza vai além das proporções e do ‘algo mais’. A antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mirian Goldenberg, aponta que a cultura influencia na concepção dos padrões de beleza.
“A cultura brasileira veste o corpo dos nativos de determinada maneira, valorizando a exposição deste corpo, que deve ser jovem, magro e trabalhado”, diz Mirian. A antropóloga criou o conceito de que, no Brasil, o corpo é um verdadeiro capital. “O corpo é uma riqueza no mercado de trabalho, no mercado de casamento e no mercado sexual. É um veículo de pertencimento e também de distinção, de inclusão e de exclusão social”, afirma.
Mirian destaca duas figuras que povoam o imaginário do brasileiro nessa questão: “Na minha pesquisa são apontados dois modelos de mulher bonita. Um mais miscigenado como Juliana Paes, e outro mais europeizado, como Gisele Bündchen”.
A modelo de apresentadora do canal Glitz, Barbara Thomaz, acredita que, no Brasil, os padrões de beleza são muito diversos: “Tem as gostosas, as saradas, as gordelícias, as magrelas, as bombadas. É o país da Gisele, mas também da Mulher Melancia!”, diz. “Se for para resumir, mulher bonita no brasil tem que ter bunda boa e cabelo bem longo. Simetria também cai bem”, afirma Barbara.
A apresentadora Barbara Thomaz |
Apesar de insatisfeitas com algumas características físicas (53% se acham acima do peso ideal e 29% gostariam de fazer algo diferente nos cabelos), 55% das entrevistadas acreditam que características pessoais são mais importantes que aparência e 87% delas se acham bonitas.
Além das influências culturais, cada beleza tem seu espaço no mercado de trabalho e na cabeça das pessoas. “Modelos podem ter uma cara exótica, nariz estranho, sarda, dente separado, orelha de abano, pode ser muda, estrábica... mas precisa ser magra de doer”, diz Barbara Thomaz. Já a miss é mais perfeitinha, “embora cheia de plástica”, afirma. “Modelo é a magrela esquisita, e a Miss é a princesinha simpática”, define.
Mas, apesar da diversidade de tipos de beleza encontrados no Brasil, para Mirian Goldenberg, os concursos padronizam as mulheres. Para ela, hoje não existe a valorização da mistura brasileira, do corpo miscigenado. O que determina o sucesso nesse tipo de competição é a magreza, a altura, a postura, os cabelos e o corpo dentro de um padrão mais ‘europeizado’. “Quase todas são muito parecidas”, afirma.
Muitas mulheres o acreditam que, na busca pela beleza perfeita, vale tudo, e apostam em cirurgias plásticas para alcançar esse objetivo. “A insatisfação com o corpo, com as imperfeições e o desejo de imitar quem tem sucesso faz com que a brasileira seja a segunda maior consumidora de cirurgia estética em todo mundo, logo atrás das norte-americanas”, diz Mirian.
A Miss Brasil, Priscila Machado |
Para Boanerges Gaeta Jr., diretor do Miss Brasil, a cirurgia plástica corrige, mas não transforma. “Ela ajuda quem tem condições de melhorar”, diz. Já Mirian Goldenberg sugere uma outra abordagem. “Aceitar as imperfeições é a chave para estar satisfeita com sua beleza”, afirma.