Perfil de Autumn Sonnichsen, fotógrafa californiana de 24 anos que tem deixado envergonhados os lambe-lambes nacionais.
Na Tpm do mês de Setembro de 2009.
Tesão
…é quase sinônimo para as imagens de Autumn Querida Sonnichsen. Tpm conversou com a americana de 24 anos que vem redefinindo o conceito de fotografia erótica no Brasil e revela: ela gosta é de brincar
Autumn é o oposto do próprio nome. Nada a ver com a bucólica estação em que as árvores cobrem as ruas com folhas amareladas e as pessoas começam a se esconder sob muitas roupas. Por seus ensaios ultracalientes, a loura de 24 anos mais lembra aqueles incêndios de verão que volta e meia lambem mansões cinematográficas em sua terra natal, a Califórnia: tem gente que só de ouvir “Autumn Sonnichsen” já arma um sorriso sacana.
Mas também nada a ver com a pura e simples imagem de uma câmera tarada: um conceito não se fixa exato em um retrato. Esta é das poucas verdades que a moça celebrada por seus perturbadores cliques tem feito questão de demonstrar. São 15h e ela acabou de fazer compras para o almoço vegetariano. É, ela não come carne… “Ah, eu odeio dar entrevistas”, diz em seu português quase perfeito, embora pontuado por trocas de gênero e um r caipira.
“Bebe uma vodca?”, oferece, pegando gelo e uma Ketel One do freezer na ampla cozinha de sua casa, um belo apartamento nos Jardins. Sua casa – mas por pouco tempo. Depois do tintim, ela tenta enumerar a quantidade de lares por que passou. “Uns vinte, trinta”, chuta a garota de pernas bronzeadas, bermuda curtíssima e cílios muito longos.
Chegou no Brasil para passar uma temporada no Rio, um sonho antigo, e já está morando há quase três anos. O primeiro a perceber o ouro em suas fotos foi Wagner Carelli, então renovando a EleEla. Antes, suas lentes já havia viajado por Cairo, Berlim, Nova York, Paris, Washington, Cidade do Cabo; foi aos 16 anos que ela saiu da casa da mãe, uma professora que “fazia questão de dizer aos filhos como a gente era foda! Todos os meus irmãos são uns lucky bastards… Adoramos aprender coisas. Sempre tive a impressão que eu ia fazer algo muito bom, desde pequena. Achava que era escrever: era fã daquela turma de americanos em Paris nos anos 20. Ainda bem que parei, porque tudo o que eu escrevia era muito ruim!”, ri na cozinha, enquanto lava vegetais na pia, antes de colocá-los na geladeira. É fluente em espanhol, francês, alemão e arranha um árabe. “Aprender uma outra língua é como ser outra pessoa. Existem muitas Autumns morando dentro de mim”, afirma. Por isso, mesmo superinteirada no Brasil – onde colabora com revistas como Trip, Tpm, Playboy, EleEla e Quem –, já planeja largar a estabilidade e largar de vez a fotografia, como veremos.
Enquanto isso não rola, Autumn causa. “Eu pesquisava a sensualidade na fotografia, erotismo, o que dava tesão ou não, porque trabalhava numa revista masculina”, conta Elizabeth Slamek, ex-diretora de arte da Trip. “Um dia apareceu uma gringa querendo me ver com a pasta na mão, uma garota muito nova e extremamente doce com sotaque… Mas quando vi as fotos! Fiquei extasiada: era tudo o que eu vinha procurando. As fotos tinham paixão e eram quentes pra valer. Sim… as fotos dela dão tesão!”, justifica. E ela é obstinada: atrás do clique perfeito, não mede limite.
“A gente estava clicando uma garota nua amarrada, na avenida Paulista, depois foi pro Viaduto do Chá, quando apareceu um policial”, conta seu braço-direito, Jozzu. “A Autumn convidou o PM pra participar da foto, ele acabou ajudando. Depois, a gringa cismou de fotografar a mina na frente da Catedral da Sé. Quando vi, apareceu o mesmo PM mais cinco, dando esporro: ‘Que putaria é essa na frente da igreja?’. Fiquei fazendo cara da paisagem enquanto a Autumn, em vez de dizer que estava trabalhando – o que ia nos encrencar mais ainda – , veio com essa: ‘Mas senhorrr! Non sabia que non podia! Eu serrr ARRRTISTA”, gargalha Jizzu, abrindo a porteira do R.
A arquiteta e jornalista Joanna Jehnsen, TripGirl 164 e protagonista de um futuro livro de Autumn, sugere uns truques da gringa atrás da imagem (im)perfeita. “A gente viajava juntas pelo Nordeste e Norte, começamos a nos fotografar de brincadeira… Depois ela reuniu uns retratos meus e ofereceu para a Trip. Então é algo que surgiu por acaso”, diz. Como é seu estilo de fotografar? “Ela sente o limite da pessoa que fotografa, vai fazendo com que a pessoa queira ficar nua. É uma mulher impaciente, mas sabe até onde ir, e ao mesmo tempo é bastante persuasiva, deixa a pessoa refletir se quer isso mesmo. Tem um jeito incrível de fazer amizade imediata, mesmo com pessoas que não conhece. E sabe como tornar o transgressivo algo natural, simples, sensível. A Autumn é límpida. O que mais gosto nela é o fato de ela ser uma mulher que admira muito a beleza feminina”, define Joana.
WOOOOW
Para Autumn, ver uma mulher maravilhosa é “como presenciar um milagre”, define a jornalista e sex symbol Erica Gonsales, musa de ensaios e amiga de fé [leia abaixo]. Mas ela principalmente aprecia belezas nada óbvias, e gosta de surpreender o belo em um enquadramento inusitado, em uma luz suja, um cenário estranho, modelos esquisitas. Basta ver seu recente ensaio com Nana Gouvêa para Playboy. Uma das características marcantes de seu estilo é a capacidade de tornar natural qualquer coisa estranha – e de trazer estranheza para algo aparentemente normal. Suas imagens têm senso de narrativa e uma estética quente que aproxima a técnica de seu berço: o instantâneo. O espectador não parece ver uma foto produzida, e sim assistir ao momento da ação.
Próprio de quem curte uma espiada no buraco da fechadura: californiana que não nega as raízes, Autumn adora filme pornô. Não é exatamente o aspecto sexual que a impressiona, e sim o lado gargantuesco da coisa. “Me fascina o universo das pessoas que vendem seu corpo, que o modificam, que exploram e abusam de seus limites. Me apaixona as coisas que são woooow, larger than life, me entende? Eu sempre vejo as mulheres lindas e fico de cara, tipo ‘olha essa gostosa!’”.
Assunto que a tira do sério é a distinção entre erotismo e pornografia. “O que é foto erótica? Se a pessoa está meio pelada é erótica? Se está totalmente pelada é pornográfica? Sinceramente, não tenho muita vontade de participar desse debate. Quero fazer fotos que sejam divertidas, que todas as pessoas entendam, que as deixem felizes, não me interessa discutir limites. Se você quer saber o que é pornografia e o que é erotismo, sugiro esse livro” – e estende um dicionário ao repórter. Mas qual seria a sua definição, da Autumn, de pornografia? “Qualquer imagem vendida para outra pessoa bater punheta.”
E daqui a dez anos, que pretende estar fazendo? “Não tenho vontade de seguir na fotografia profissional: esse mundo de revistas tem capacidade de ser extremamente chato”, detona. “Vou tentar terminar a faculdade de História da Arte e ser professora. Antes disso, gostaria de fazer um filme. Num mundo perfeito faria um livro por ano e não publicaria mais nada em outros lugares. Preciso aprender árabe direito, aprender a dirigir um carro com marcha, aprender a cozinhar na Tailândia. Quero ter cavalos. E, faz pouco tempo, fiquei toda pilhada em largar tudo, voltar para a Califórnia e ser parteira. Aliás, fotografar um parto deve ser incrível. Tenho que fazer isso”, desafia. Tocando no assunto intimidade… toda vez que o repórter se intromete em algum assunto mais íntimo, a resposta é uma só: “It’s not your business! Mais uma vodca?”. Cheers, Autumn: fotógrafo bom tem que saber mesmo onde colocar o foco.
Erikitty, a musa
Jornalista e sex symbol da internet, Erica Gonsales fala sobre a amiga e parceira: “Também achava que ela era tarada”
“Conheci a Autumn quando editava um site erótico. Já fazia auto-retratos sensuais e escrevia sobre sexo. Nossa amizade me fez assumir a afinidade e o gosto pelo erotismo. Digamos que arrumei uma cúmplice. Todo mundo gosta de sexo e de erotismo. Mas mesmo quem se diz moderno tira o pudor de assumir e mostrar isso. Ela tem um jeito de fazer tudo parecer leve, natural e bonito. Quem não a conhece de perto e vê de fora pode deturpar tudo e imaginar coisas demais a respeito dela. (Posso dizer que ela se diverte com isso!)
Eu tive muita resistência em ser amiga dela e deixar que ela me fotografasse. Também achava que ela era tarada e tal. Mas ela insistiu tanto que conseguiu. Acho que o que me deixou à vontade pra tirar a roupa pra ela foi o jeito como ela conduz tudo: diz que você é fantástica, gostosa, maravilhosa – e você acredita. Mas ela está dizendo porque acha MESMO, não é artifício pra te deixar segura. A Autumn fica realmente feliz ao ver uma mulher nua. Ela acha isso incrível, um milagre. Não há como não se contagiar. Além disso, acho que o fato de para ela ser tudo tão natural faz com que não haja motivo pra questionar se é certo ou errado. Um fotógrafo pode ter receio de te pedir pra ficar de quatro e empinar a bunda o mais que puder. Ela não tem pudores. É destemida. Já vi essa mulher em situações bem perigosas pra conseguir a foto que quer: caminhando num telhado quente e as telhas velhas se despedaçando, subindo em muros altíssimos, escadas de madeira capengas, sentada em janelas no décimo quinto andar…
Na verdade, ela pode ser bem tarada. Mas não é assim 24 horas, nem com todo mundo. Como toda mulher, ela pode ser bem mulherzinha: é extremamente sensível, chora vendo filmes de amor, esconde o rosto na cena do sangue e da porrada, cozinha maravilhosamente bem e ama dar presentes. É das pessoas mais generosas que conheço, te dá a roupa do corpo se precisar. Ela gosta de ficar no sofá vendo filmes antigos e I Love Lucy. Aprendi a amá-la. Ela me deu algo precioso, que tento retrubuir cada vez que faço alguma doideira que ela me pede (como deitar no escadão da avenida Sumaré às 3 da tarde e mostrar a bunda pra ela fotografar). Me acho mais bonita por causa dela.”
Autumn Sonnichsen entrevistada pela Trip
Fonte: Wordpress
Na Tpm do mês de Setembro de 2009.
Autumn, ao lado esq. de Kitty |
Tesão
…é quase sinônimo para as imagens de Autumn Querida Sonnichsen. Tpm conversou com a americana de 24 anos que vem redefinindo o conceito de fotografia erótica no Brasil e revela: ela gosta é de brincar
Autumn é o oposto do próprio nome. Nada a ver com a bucólica estação em que as árvores cobrem as ruas com folhas amareladas e as pessoas começam a se esconder sob muitas roupas. Por seus ensaios ultracalientes, a loura de 24 anos mais lembra aqueles incêndios de verão que volta e meia lambem mansões cinematográficas em sua terra natal, a Califórnia: tem gente que só de ouvir “Autumn Sonnichsen” já arma um sorriso sacana.
Mas também nada a ver com a pura e simples imagem de uma câmera tarada: um conceito não se fixa exato em um retrato. Esta é das poucas verdades que a moça celebrada por seus perturbadores cliques tem feito questão de demonstrar. São 15h e ela acabou de fazer compras para o almoço vegetariano. É, ela não come carne… “Ah, eu odeio dar entrevistas”, diz em seu português quase perfeito, embora pontuado por trocas de gênero e um r caipira.
“Bebe uma vodca?”, oferece, pegando gelo e uma Ketel One do freezer na ampla cozinha de sua casa, um belo apartamento nos Jardins. Sua casa – mas por pouco tempo. Depois do tintim, ela tenta enumerar a quantidade de lares por que passou. “Uns vinte, trinta”, chuta a garota de pernas bronzeadas, bermuda curtíssima e cílios muito longos.
Chegou no Brasil para passar uma temporada no Rio, um sonho antigo, e já está morando há quase três anos. O primeiro a perceber o ouro em suas fotos foi Wagner Carelli, então renovando a EleEla. Antes, suas lentes já havia viajado por Cairo, Berlim, Nova York, Paris, Washington, Cidade do Cabo; foi aos 16 anos que ela saiu da casa da mãe, uma professora que “fazia questão de dizer aos filhos como a gente era foda! Todos os meus irmãos são uns lucky bastards… Adoramos aprender coisas. Sempre tive a impressão que eu ia fazer algo muito bom, desde pequena. Achava que era escrever: era fã daquela turma de americanos em Paris nos anos 20. Ainda bem que parei, porque tudo o que eu escrevia era muito ruim!”, ri na cozinha, enquanto lava vegetais na pia, antes de colocá-los na geladeira. É fluente em espanhol, francês, alemão e arranha um árabe. “Aprender uma outra língua é como ser outra pessoa. Existem muitas Autumns morando dentro de mim”, afirma. Por isso, mesmo superinteirada no Brasil – onde colabora com revistas como Trip, Tpm, Playboy, EleEla e Quem –, já planeja largar a estabilidade e largar de vez a fotografia, como veremos.
Enquanto isso não rola, Autumn causa. “Eu pesquisava a sensualidade na fotografia, erotismo, o que dava tesão ou não, porque trabalhava numa revista masculina”, conta Elizabeth Slamek, ex-diretora de arte da Trip. “Um dia apareceu uma gringa querendo me ver com a pasta na mão, uma garota muito nova e extremamente doce com sotaque… Mas quando vi as fotos! Fiquei extasiada: era tudo o que eu vinha procurando. As fotos tinham paixão e eram quentes pra valer. Sim… as fotos dela dão tesão!”, justifica. E ela é obstinada: atrás do clique perfeito, não mede limite.
garota nua amarrada.. |
“A gente estava clicando uma garota nua amarrada, na avenida Paulista, depois foi pro Viaduto do Chá, quando apareceu um policial”, conta seu braço-direito, Jozzu. “A Autumn convidou o PM pra participar da foto, ele acabou ajudando. Depois, a gringa cismou de fotografar a mina na frente da Catedral da Sé. Quando vi, apareceu o mesmo PM mais cinco, dando esporro: ‘Que putaria é essa na frente da igreja?’. Fiquei fazendo cara da paisagem enquanto a Autumn, em vez de dizer que estava trabalhando – o que ia nos encrencar mais ainda – , veio com essa: ‘Mas senhorrr! Non sabia que non podia! Eu serrr ARRRTISTA”, gargalha Jizzu, abrindo a porteira do R.
A arquiteta e jornalista Joanna Jehnsen, TripGirl 164 e protagonista de um futuro livro de Autumn, sugere uns truques da gringa atrás da imagem (im)perfeita. “A gente viajava juntas pelo Nordeste e Norte, começamos a nos fotografar de brincadeira… Depois ela reuniu uns retratos meus e ofereceu para a Trip. Então é algo que surgiu por acaso”, diz. Como é seu estilo de fotografar? “Ela sente o limite da pessoa que fotografa, vai fazendo com que a pessoa queira ficar nua. É uma mulher impaciente, mas sabe até onde ir, e ao mesmo tempo é bastante persuasiva, deixa a pessoa refletir se quer isso mesmo. Tem um jeito incrível de fazer amizade imediata, mesmo com pessoas que não conhece. E sabe como tornar o transgressivo algo natural, simples, sensível. A Autumn é límpida. O que mais gosto nela é o fato de ela ser uma mulher que admira muito a beleza feminina”, define Joana.
WOOOOW
Para Autumn, ver uma mulher maravilhosa é “como presenciar um milagre”, define a jornalista e sex symbol Erica Gonsales, musa de ensaios e amiga de fé [leia abaixo]. Mas ela principalmente aprecia belezas nada óbvias, e gosta de surpreender o belo em um enquadramento inusitado, em uma luz suja, um cenário estranho, modelos esquisitas. Basta ver seu recente ensaio com Nana Gouvêa para Playboy. Uma das características marcantes de seu estilo é a capacidade de tornar natural qualquer coisa estranha – e de trazer estranheza para algo aparentemente normal. Suas imagens têm senso de narrativa e uma estética quente que aproxima a técnica de seu berço: o instantâneo. O espectador não parece ver uma foto produzida, e sim assistir ao momento da ação.
Próprio de quem curte uma espiada no buraco da fechadura: californiana que não nega as raízes, Autumn adora filme pornô. Não é exatamente o aspecto sexual que a impressiona, e sim o lado gargantuesco da coisa. “Me fascina o universo das pessoas que vendem seu corpo, que o modificam, que exploram e abusam de seus limites. Me apaixona as coisas que são woooow, larger than life, me entende? Eu sempre vejo as mulheres lindas e fico de cara, tipo ‘olha essa gostosa!’”.
Assunto que a tira do sério é a distinção entre erotismo e pornografia. “O que é foto erótica? Se a pessoa está meio pelada é erótica? Se está totalmente pelada é pornográfica? Sinceramente, não tenho muita vontade de participar desse debate. Quero fazer fotos que sejam divertidas, que todas as pessoas entendam, que as deixem felizes, não me interessa discutir limites. Se você quer saber o que é pornografia e o que é erotismo, sugiro esse livro” – e estende um dicionário ao repórter. Mas qual seria a sua definição, da Autumn, de pornografia? “Qualquer imagem vendida para outra pessoa bater punheta.”
E daqui a dez anos, que pretende estar fazendo? “Não tenho vontade de seguir na fotografia profissional: esse mundo de revistas tem capacidade de ser extremamente chato”, detona. “Vou tentar terminar a faculdade de História da Arte e ser professora. Antes disso, gostaria de fazer um filme. Num mundo perfeito faria um livro por ano e não publicaria mais nada em outros lugares. Preciso aprender árabe direito, aprender a dirigir um carro com marcha, aprender a cozinhar na Tailândia. Quero ter cavalos. E, faz pouco tempo, fiquei toda pilhada em largar tudo, voltar para a Califórnia e ser parteira. Aliás, fotografar um parto deve ser incrível. Tenho que fazer isso”, desafia. Tocando no assunto intimidade… toda vez que o repórter se intromete em algum assunto mais íntimo, a resposta é uma só: “It’s not your business! Mais uma vodca?”. Cheers, Autumn: fotógrafo bom tem que saber mesmo onde colocar o foco.
Erica, lucky bastard e musa de Autumn |
Erikitty, a musa
Jornalista e sex symbol da internet, Erica Gonsales fala sobre a amiga e parceira: “Também achava que ela era tarada”
“Conheci a Autumn quando editava um site erótico. Já fazia auto-retratos sensuais e escrevia sobre sexo. Nossa amizade me fez assumir a afinidade e o gosto pelo erotismo. Digamos que arrumei uma cúmplice. Todo mundo gosta de sexo e de erotismo. Mas mesmo quem se diz moderno tira o pudor de assumir e mostrar isso. Ela tem um jeito de fazer tudo parecer leve, natural e bonito. Quem não a conhece de perto e vê de fora pode deturpar tudo e imaginar coisas demais a respeito dela. (Posso dizer que ela se diverte com isso!)
Eu tive muita resistência em ser amiga dela e deixar que ela me fotografasse. Também achava que ela era tarada e tal. Mas ela insistiu tanto que conseguiu. Acho que o que me deixou à vontade pra tirar a roupa pra ela foi o jeito como ela conduz tudo: diz que você é fantástica, gostosa, maravilhosa – e você acredita. Mas ela está dizendo porque acha MESMO, não é artifício pra te deixar segura. A Autumn fica realmente feliz ao ver uma mulher nua. Ela acha isso incrível, um milagre. Não há como não se contagiar. Além disso, acho que o fato de para ela ser tudo tão natural faz com que não haja motivo pra questionar se é certo ou errado. Um fotógrafo pode ter receio de te pedir pra ficar de quatro e empinar a bunda o mais que puder. Ela não tem pudores. É destemida. Já vi essa mulher em situações bem perigosas pra conseguir a foto que quer: caminhando num telhado quente e as telhas velhas se despedaçando, subindo em muros altíssimos, escadas de madeira capengas, sentada em janelas no décimo quinto andar…
Na verdade, ela pode ser bem tarada. Mas não é assim 24 horas, nem com todo mundo. Como toda mulher, ela pode ser bem mulherzinha: é extremamente sensível, chora vendo filmes de amor, esconde o rosto na cena do sangue e da porrada, cozinha maravilhosamente bem e ama dar presentes. É das pessoas mais generosas que conheço, te dá a roupa do corpo se precisar. Ela gosta de ficar no sofá vendo filmes antigos e I Love Lucy. Aprendi a amá-la. Ela me deu algo precioso, que tento retrubuir cada vez que faço alguma doideira que ela me pede (como deitar no escadão da avenida Sumaré às 3 da tarde e mostrar a bunda pra ela fotografar). Me acho mais bonita por causa dela.”
Autumn Sonnichsen entrevistada pela Trip
Fonte: Wordpress